quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Saindo do armário




O sair do armário, getting out of the closet...

Vou contar pra vocês um pouco dessa minha história, recheada de conceitos, preceitos e pré conceitos, fazendo um breve resgate histórico até mesmo sobre a minha família. Como todo bom sertanejo e nordestino sabe, nossa cultura (assim como todas as outras) sempre foi muito recheada de coronealismo, machismo, racismo e por aí vai, contra negros, mulheres, homossexuais (pelo menos eu não estava sozinho nessa luta). Então, sempre fui criado nesse meio, apesar de morar em cidade grande (João Pessoa minha linda, amo, e hai de quem falar mal dela), e sempre tive aquele medo e receio de assumir quem eu realmente era, se é que fosse o que eu realmente pensava, chegando a pensar que o gênero primeiro que eu tivesse uma relação seria aquele dali em diante, conversa fura, sempre tive desejo em meninos, mas ao meso tempo que gostava, não me relacionava e tentava fazer a famosa linha hétero, bem feita por sinal, pegava geral, até o dia em que beijei o primeiro homem (em outro post conto como foi a aventura do primeiro beijo (homoafetivo)), 19 anos, fiquei louco apaixonado, porra nenhuma, queria nada comigo e o tempo foi passando, conheci novas pessoas, me sentia mais livre, mais solto, já tinha a certeza de que era aquilo mesmo, mas sempre tudo muito escondido.

Tinha receio do que as pessoas achariam de mim, dos meus amigos, e o mais importante, minha família, me coloquei em segundo plano, tu acha? Eu que sempre me achei uma pessoa a frente do meu tempo, importando com o que as pessoas iriam falar de mim, mas não demorou muito até eu tomar a danada da decisão, um marco na minha vida, divisora de águas. Eu sabia que tudo poderia acontecer, já tinha pensado em todas as possibilidades. Estava passando por problemas em casa e comecei a observar que todas as pessoas faziam o que bem quisessem e o mundo que se explodisse e nada aconteciam a elas. Dos mais próximos apenas um primo sabia de mim (uma bicha já bem criada, e dos melhores professores que já tive), não aguentava mais aquela situação.

Em um evento de jovens do campo e da cidade em Campina Grande, conheci de perto pessoas que me influenciaram bastante, me mostraram uma forma diferente de ver a vida, de ser, de estar, e sendo quem eu sou posso tudo, na volta da viagem quando eu cheguei em casa pedi a minha mão para ir ao cinema, eu tinha mania de quando estava triste ou chateado ir ao cinema sozinho. Parece que ela já sabia o que ia acontecer, pegamos o carro e ela foi me deixar, como quase todas as mães que conhece um filho pergunta logo o que estava acontecendo, daí pensei comigo mesmo, vou contar logo agora que qualquer coisa bate o carro dá um fim de vez nessa agunia, falei, em uma única frase, ela respirou fundo e disse: em casa a gente conversa. Acabei que quando cheguei no cinema estava rolando um lual de uma amiga de frente, fui lá, paquerei, fui paquerado, beijei e fui pra casa.

Lá estava ela na cadeira de balanço, cigarro a boca e outra cadeira vazia, estava só me esperando, e esperou bastante, conversou duas horas intermitentemente comigo disse que me amava, precisava de um tempo para se acostumar com a ideia, me deu um abraço e foi se deitar, na mesma carona fui ao quarto, acordei meu irmão, contei tudo, aos amigos mais próximos, cheguei a juntar todos em uma roda e me falei tudo, felizmente tive o apoio de todas e todos, mas sei que nem sempre acontece dessa forma, como casos de amigos e pessoas até mesmo da família que não foram tão bem aceitas (pela família). Acho até que vim um pouco para quebrar pré conceitos, onde chego sou eu mesmo, casa, trabalho, faculdade, meio da rua

Enfim, o que eu quero dizer com tudo isso é que cada um tem seu tempo, possa ser que eu faria tudo igual novamente, como possa ser que faria tudo diferente, teria que viver o momento de novo. Hoje está bem mais fácil que na minha época (e nem faz tanto tempo), que já foi bem mais complicado antes de mim, a aceitação da humanidade está mudando apesar de me confrontar com muito preconceito, homofobia, casos de assassinato, como já tive conhecidos que foram, é uma luta que não acaba nunca. Ja ajudei pessoas a se aceitarem, a assumir cada um que o faça, aceitar é diferente, respeitar.

Até a próxima, feedback sempre serão bem vindos.

Um beijo pras travestis

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Retomando o blog



Devido outros motivos, acabei deixando o blog um pouco de lado, mas a nossa luta nunca para, mesmo em ''off'' a bandeira nunca foi baixada. Precisava de um pouco de tempo para me dedicar mais aos estudos e trabalho e o blog acabou ficando em segundo plano, porém pretendo a partir de agora retomar esse meu perfil de militante da causa LGBT. No entanto, não pretendo mais me dedicar exclusivamente às questões do movimento 'gay', vou discutir várias questões daqui em diante, como o movimento das mulheres, a marcha das vadias, questões de gênero e sexualidade, às vezes fugindo um pouco e abordando outros temas, como religiosidade, saúde, estilo de vida, dicas e coisinhas, fatos e artefatos que acontecem no dia a dia, histórias de vida, inclusive minha. Não pretendo encher o blog com postagens e cópias de outros sites como fiz anteriormente, juntando tudo num lugar só, meu interesse agora será na qualidade das postagens, impondo a minha opinião, fazendo crítica e espero que vocês curtam esse novo blog, simples, como sempre foi.