quarta-feira, 20 de abril de 2011

Entrevista da revista Caros Amigos a Jean Willys


Entrevista: Jean Wyllys
Deputado LGBT defende casamento civil para todos
Por Bárbara Mengardo
Apenas em 2011 o Brasil elegeu um parlamentar que se dedica à luta pelos direitos de LGBT. Filiado ao PSOL, o Deputado Federal Jean Wyllys iniciou sua militância nas comunidades eclesiais de base da Igreja Católica, é jornalista e professor da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) e da Universidade Veiga de Almeida (UVA), ambas no Rio de Janeiro.
Jean é o primeiro deputado assumidamente homossexual a defender a luta LGBT, mas faz questão de frisar que sua luta maior é pelos direitos humanos. Em entrevista a Caros Amigos, o deputado fala sobre casamento civil entre pessoas do mesmo sexo, políticas públicas para a população LGBT, o projeto de lei 122, que criminalizaria a homofobia, seus embates com a bancada evangélica, as ameaças de morte que sofreu e muito mais.
Caros Amigos - Você é o primeiro deputado assumidamente gay a defender a causa LGBT. Como está sendo essa experiência?
Jean Wyllys – É uma experiência que me trouxe destaque em muito pouco tempo, porque a pauta é nova na Câmara, e não havia um representante legítimo da grande comunidade LGBT no Congresso. É certo que já houve um deputado assumidamente homossexual, o Clodovil, e é provável que existam outros homossexuais não assumidos no Congresso, mas eu represento as demandas da comunidade LGBT de maneira explícita, clara, com um programa de campanha voltado para esse tema. Quando tomei posse existia uma Frente Parlamentar pela Livre Expressão Sexual, que existia só no nome, porque não havia nenhum parlamentar que tocasse, e ela era estimulada pelo próprio movimento, em especial pela Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT). Eu reestruturei essa Frente, me articulei com a Senadora Marta Suplicy (PTSP), que tem acúmulo nessa questão e mudamos o nome para Frente Parlamentar pela Cidadania LGBT, ela tocando no Senado e eu na Câmara. É muito diferente estar no movimento e fazer política institucional, mas eu ouço, sou pressionado e dialogo com ele. Nunca perdi o diálogo com o movimento e nem posso perder.
Você já sofreu algum tipo de preconceito na Câmara dos Deputados?
De parlamentares comigo não, ninguém nunca me xingou pelas costas, se recusou a sentar do meu lado ou algo do tipo. Todos tem uma relação muito cordial comigo, mesmo os deputados da bancada evangélica, que são historicamente os grandes opositores da extensão da cidadania aos LGBTs. Mas, no momento de recolher assinaturas para Frente Parlamentar, alguns deputados falaram abertamente que não iam assinar. Uns alegaram “Não posso assinar porque eu não vou me dedicar”, e mesmo que eu dissesse que as pessoas assinam Frentes na Câmara mesmo não se dedicando, mas para fazê-las existir, para trazer o debate, muitos não assinaram.

Fonte: Caros Amigos

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