sábado, 14 de maio de 2011

Deputado federal Jean Wyllys afirma que material é a favor da vida

Projeto é positivo por combater a violência contra gays na escola, diz Jean Wyllys (PSOL-RJ)



Historicamente ligado ao movimento gay, o deputado federal recém-eleito Jean Wyllys (PSOL-RJ) diz que os vídeos do kit anti-homofobia não induzem ao comportamento gay.

O parlamentar afirma que o projeto visa acabar com a violência contra homossexuais nas escolas, e que é a favor da vida. Para vencer a resistência da sociedade, Wyllys diz que as pessoas precisam ser informadas sobre as agressões para apoiar o kit.
Leia trechos da entrevista dada ao R7.
R7 – Por que o senhor é a favor do kit anti-homofobia?
Jean Wyllys (PSOL-RJ) - Se numa sociedade, uns têm mais direitos que outros, a cidadania não é plena para todo mundo. Na medida em que eu, por exemplo, não tenho direito ao casamento civil, eu não tenho cidadania, você é mais cidadão que eu.
No Brasil, uma pesquisa do Ministério da Educação constatou que o grau de homofobia nas escolas era alto. Ela se expressava sobretudo no bullying: no espancamento, no xingamento, no insulto, o que leva uma série de alunos a não querer ir ou a deixar a escola no meio. Os professores viam os alunos espancados, mas, com medo da própria violência do agressor, [eles] faziam vistas grossas.
Então, foi desenvolvido um material didático para ajudar a combater ou erradicar o bullying homofóbico nas escolas. Para transformar as escolas num espaço que constitucionalmente deve ser: um espaço de construção da cidadania, de cidadãos críticos, capazes de respeitar as diferenças culturais e [ensinar a] ser solidário uns com os outros. Não é o que está acontecendo.
R7 – Críticos dizem que os vídeos incentivam práticas homossexuais.
Wyllys - Os filmes não têm nenhuma conotação sexual. O que fala da travesti [Encontrando Bianca] é o mais polêmico. Os outros são todos mais amenos. É um filme para levar a escola, essa instituição formadora da sociedade, a respeitar o outro.
A homossexualidade não é uma invenção de dois anos atrás, ela nasce junto com a humanidade. Uma pessoa considerar que esses vídeos estão fazendo proselitismo gay é desconsiderar que houve sociedades na história em que a homossexualidade era a regra, e não a heterossexualidade.
Essa ideia de propaganda é piada, porque o que mais temos é proselitismo hétero. Toda a cultura é heteronormativa, somos treinados para adotar uma orientação sexual hegemônica e que rechaça qualquer outra orientação que não seja essa.
R7 – Como o sr. avalia os vídeos?
Wyllys - Esse projeto valoriza a vida, o respeito à dignidade do outro. Eu sou professor e sei muito bem a realidade desses meninos em sala de aula. Eu sei a violência que acontece nas escolas públicas contra as meninas gordas, negras, contra o menino afeminado. Violência que se estende à família dessas pessoas, que sofrem junto com seus filhos. O material não sexualiza precocemente as crianças.
Foi feito pelos cientistas mais capacitados do Brasil, que estudam educação inclusiva, educação para a cidadania.
R7 - Como o sr. pensa em quebrar a resistência de parte da sociedade sobre o kit?
Wyllys - Boa parte tem apoiado porque adere ao discurso populista, não está bem informada. Se a gente pudesse apresentar para a sociedade os danos causados pelo bullying, se pudesse ter acesso a todos os crimes praticados, lesões corporais, violência, ela não ia ser contra, porque estaria protegendo os próprios filhos dela.
Quem fala a favor de valores cristãos é a favor do projeto, porque valoriza a vida humana, o respeito à dignidade do outro, que é a regra de ouro do Cristianismo, “amar o próximo a ti mesmo”.
R7 – Como o sr. pretende enfrentar a questão no Congresso e no próprio governo?
Wyllys - O embate vai haver e os argumentos deles vão ser os mesmos e a gente pretende desmascarar. Com mais tempo, a gente espera que o debate chegue, que a grande mídia coloque os argumentos.
Nós, deputados de esquerda, estamos nos articulando. E eu sou do PSOL, sou oposição ao governo, mas oposição responsável. É claro que eu não vou ser contrário a uma política pública dessa, importantíssima, porque sou oposição. Há isenção, meu espírito é republicano.
Fonte: R7 Notícias

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