quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Homossexuais viajam mais que outros públicos


Grupo movimenta US$ 20 bilhões no mercado turístico mundial
SERGIO AMARAL/AE/JC
Sáskia destaca importância de segmentos gay e de terceira idade
Sáskia destaca importância de segmentos gay e de terceira idade
Embalados pelo aquecimento da economia, os gastos com turismo vêm crescendo desde 2007 na decisão de todos os segmentos da população brasileira, que passou a dar preferência às viagens, em detrimento de outros produtos. Mas é o público formado por homossexuais que lidera a movimentação deste mercado, sendo responsável por quatro vezes mais negócios gerados no ramo em comparação a outros perfis de consumidores. De acordo com a coordenadora-geral de Segmentação do Ministério do Turismo (MTur), Sáskia Lima, além dos LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais), a terceira idade e o turismo náutico também tiveram um crescimento significativo.
“Como a maior parte dos gays e lésbicas não têm filhos, eles possuem maior disponibilidade para viajar na baixa temporada e gastar uma parcela maior do orçamento com o lazer”, diz o proprietário da operadora Gay Travel Brasil, Oswaldo Valinote. Segundo ele, além de liderar o consumo de turismo, o público LGBT influencia na decisão do perfil denominado “simpatizante” do segmento. “Os familiares e amigos de homossexuais representam 40% dos nossos consumidores. Eles chegam até nossa empresa indicados pelos clientes do público LGBT, que costumam dar dicas boas de roteiros”, destaca. Valinote diz que o grupo que mais viaja depois dos gays e lésbicas é o de pessoas acima de 60 anos. “Mas o segmento da melhor idade tem renda mais limitada e tende a optar por viagens mais baratas e menos prolongadas”, esclarece.
O presidente da Associação Brasileira de Turismo para Gays, Lésbicas e Simpatizantes (Abrat-GLS), Almir Nascimento, aponta dados do Departamento de Comércio Americano e da International Gay and Lesbian Travel Association (IGLTA) que afirmam que o segmento tem potencial para movimentar US$ 20 bilhões no mercado de turismo mundial. “No Brasil, somente a Parada Gay de São Paulo atrai 410 mil turistas todos os anos. Este público gera um impacto econômico grande na cidade durante uma semana, sendo que a média de gastos é de R$ 1,8 mil por pessoa.”
Uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada em 2010, mostra que o setor de turismo cresceu mais que a economia brasileira entre 2003 e 2007, em termos percentuais. Atualmente este mercado responde por cerca de 3,6% do PIB nacional. Desse total, 85% são receitas geradas pelo turismo doméstico. Entre os principais roteiros dos LGBT, Florianópolis, Rio de Janeiro, São Paulo e Recife estão em alta. “O Rio de Janeiro é considerado o destino mais atraente do mundo para este segmento”, destaca Nascimento. Em âmbito internacional, Buenos Aires, Barcelona, Miami, Paris, Madrid e Nova Iorque também são bastante procurados pelos casais de lésbicas e gays, incluindo pacotes de cruzeiros marítimos.

Empresas investem no atendimento especializado para agradar aos consumidores LGBT

Antenados ao potencial de consumo do perfil do público LGBT, bares, restaurantes, hotéis, pousadas e outros setores do comércio têm procurado se especializar no atendimento do segmento. “É preciso que as empresas do trade estejam capacitadas e treinadas para identificar as diversas características, para saber do que eles gostam, o que consomem, e formatar produtos adequados, além de recepcioná-los sem preconceitos”, ensina Almir Nascimento, presidente da Abrat-GLS. “Nada de sorrisinho no canto da boca, sobrancelha erguida e piadinha pelas costas, isso espanta estes consumidores em potencial”, adverte.
“Os viajantes não querem sofrer constrangimento na hora de pedir uma cama de casal”, reforça Oswaldo Valinote, da operadora Gay Travel Brasil. Ele afirma que inclusive alguns roteiros são alterados para agradar aos turistas. No Rio de Janeiro, por exemplo, onde 25% dos turistas são gays, os pacotes para este perfil incluem uma visita ao Museu Carmen Miranda, destinada ao público com mais de 40 anos.
Em Santa Catarina, a empresária Marta Dalla Chiesa treinou seus funcionários para conhecer os gostos dos gays e lésbicas interessados em comprar os pacotes de sua agência de viagens localizada em Florianópolis. A Brazil Ecojourneys atende a todos os públicos, ressalta Marta. Mas, de cada dez clientes, quatro são homossexuais assumidos. “Só fecho contratos com pousadas e hotéis que são receptivos e treinam seus funcionários para atender este público de maneira correta”, diz a empresária. Ela estará no Estado na próxima semana, onde irá ministrar o workshop Oportunidade de Negócios de Turismo no Mercado de LGBT durante o 23º Festival do Turismo de Gramado (Festuris).

Fonte: Jornal do Comércio

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